terça-feira, 25 de outubro de 2011

1º O primeiro dia de emprego sempre é o pior.



Homens de branco com mascaras entraram no refeitório rapidamente fazendo uma confusão enorme. Eles levantaram o cientista que estava se esvaindo em sangue no chão eles falavam coisas uns para os outros, mas não dava para entender o que era só o que pude ouvir era.

-Afastem-se dele... Vamos pode ser tarde de mais, ele pode estar... – Logo todo mundo falava ao mesmo tempo querendo saber o que iria acontece com aquele homem que agora se encontrava inconsciente.

-Vamos, fechem as portas e as janelas deste local, temos que isolar a área – Soldados mascarados entraram rapidamente no refeitório com bastões de choque. Eles ficaram em volta do cientista que estava no chão, mas evitaram qualquer contato com ele.

Por que estavam com mascaras? Por que os bastões de choque? Por que eles não ajudavam o homem que estava morrendo ali no chão? Outros soldados ficaram na porta de saída do refeitório empunhando seus bastões ameaçando qualquer um que tente passar por eles. Era se como se eles temessem que alguma coisa terrível saísse daqui, mas o que era tão terrível que eles foram capazes de ameaçar os funcionários que quisessem sair?Um homem estava gritando com um dos soldados que bloqueavam a saída, mas eles apenas diziam para se afastar.

-O que esta acontecendo? Deixe-nos sair agora, vocês não tem esse direito – Dizia o homem de cabelos pretos, roupa social e com sua maleta na mão.
-Desculpe senhor, estamos cumprindo ordens, vocês não podem sair – Ordens? Penso. Ordens de quem? Quem ordenaria trancar funcionários dentro de um refeitório colocando-os em risco de seres agredidos por bastões de choque?

Clara e Cris ficam ao meu lado assistindo tudo, as duas ficavam se perguntando a mesma coisa, mas de alguma forma tínhamos que sair daquele lugar e falar com o Diretor Carlos. Os soldados começaram a investigar o corpo do cientista que estava caído no chão em torno de uma posa de sangue que ele mesmo fez.

-Tarde de mais ele esta morto – Diz o soldado que verificou o cadáver.
-Entendido vamos levá-lo e esterilizá-lo – Esterilizá-lo? Por que ele estava com algum tipo de doença contagiosa? Ou algo pior?

O primeiro soldado cobriu o corpo com um pano preto, e o colocou no ombro. As pessoas abriram o caminho para passarem com o cadáver, no momento em que eles iriam sair do refeitório o corpo que parecia estar morto, teve reações agressivas saltando do ombro do soldado e o atacou mordendo seu ombro.

-Recuar... Recuar – Todos os soldados gritavam indo em direção a porta deixando todos nós preços aqui.


Todas as pessoas correram em direção a saída, menos eu. Segurei o braço de Clara e Cris para não se juntarem à bagunça que estava se formando. O cientista que estava aparentemente morto estava atacando todas as pessoas que tentavam se defender ou fugir do local. O soldado que havia sido mordido estava agora no chão e a sua ferida causada pela mordida do cientista estava saindo muito sangue. Mas apenas por uma mordida?

-Por que eles trancaram agente? Nós temos que sair daqui, vamos – Diz Clara saindo da mesa e indo em direção a multidão.
-Espera Clara – Digo pegando-a do braço – É melhor acharmos outra saída, por ali não vamos passar tão cedo – Olho em volta e tento encontrar alguma janela, mas de alguma forma todas foram trancadas.
-E por onde você espera sair? – Pergunta Cris já com a voz gaguejando com medo.

Vejo que á uma pequena abertura em baixo na parede, era uma passagem de ar do prédio que estava sendo totalmente ignorada pelos outros. Talvez por ali possamos chegar ate uma sala ou um corredor e conseguir ajuda. O soldado que estava no chão levanto rapidamente e estava agindo da mesma forma que o cientista, estava descontrolado e com raiva nos olhos que era rodeado por enormes olheiras pretas.

-Vamos por aqui, Clara, Cris – Puxo com força a chapa de metal com grades que bloqueava nosso caminho e a deixo no lado.
-Ta maluca? Eu não vou entrar ai – Diz Cris temendo um simples duto de ar.
-Cris é a nossa única chance, rápido entra – Logo ela baixa a cabeça e segue atrás de Clara que nos chamava logo à frente.

Finalmente vou atrás de minhas colegas, mas antes de ir estico o braço e puxo de volta a grade encaixando-a de novo na parede para que não possamos ser seguidas. O caminho não era muito estreito, mas logo poderíamos ter problemas para respirar, pois estava muito abafado. O barulho que estava no refeitório estava ecoando no tubo, mas estava desaparecendo pouco a pouco à medida que nos distanciávamos.

-Á uma abertura, vamos ter que subir por aqui e chegar ate o segundo andar – Diz Clara já em frente começando a subir.
-Espero que não demore muito, estou começando a ficar sem ar – Realmente Cris estava certa, estava começando a ficar abafado aqui, mas o segredo é manter a calma.

Subindo pelo duto de ar as escadinhas eram perfeitamente firmes e bem soldadas na parede para subirmos. O único problema é que estava começando a ficar apertado, pois aquilo não era apropriado para três pessoas e sim uma, mas se continuássemos lá... Nem quero imaginar o que aconteceria. Agora já estávamos em linha reta, rastejando em direção que ao que parecia ser uma saída. Em baixo de nós, os mesmos soldados que invadiram o refeitório estavam correndo sem notar que estávamos ali. Ao que parecia estavam recebendo ordens de não deixar ninguém sair dela, mas por que tanta pressa? Dois soldados pararam no corredor e começou a conversar com o outro, um tinha cabelo grisalho e pele bronzeada com uma tatuagem de tribal aparecendo no pescoço e uma cicatriz no canto do lábio, o outro era mais jovem, cabelo castanho claro e tipo físico médio.

-O que esta acontecendo cara? Por que temos que deixar aquelas pessoas pressas dentro daquele refeitório? – Diz o mais jovem querendo explicações.
-Eu não faço idéia, mas foi ordem do próprio senhor Carlos para que não deixássemos ninguém sair – Diz o soldado mais velho.
-Isso é loucura, elas estão matando umas as outras... E se elas conseguirem escapar? O que faremos? – O soldado pelas perguntas que estava fazendo parecia ser um novato recém chegado também.
-Atiramos... – Diz ele friamente.
-Atirar? – Espantado com a direta resposta do colega, ele se encolhe, mas mantêm a calma – Mas atirar em civis?
-Não temos tempo para explicações, vamos – Eles voltam a correr em direção ao refeitório com suas armas.

Clara e Cris ficaram tão espantadas como eu fiquei, agora que sabemos que podemos ser mortas se sairmos desse duto de ar. Mas tínhamos opções, ou ficamos onde estamos e morremos asfixiadas, ou pulamos para o corredor abaixo de nós e corrermos o risco de sermos mortas pelos soldados. O medo estava começando a me dominar, mas se as duas estavam com medo uma de nós tem que manter o controle.

-Vamos... Temos que seguir em frente – Digo passando pelo meio de Cris e Clara.
-Ta brincando né? Vamos ser mortas se sairmos daqui – Diz Cris.
-Vamos ficar sem ar se continuarmos aqui também – Digo arrumando a franja que estava já desarrumada.
-Ela tem razão, se conseguirmos sair daqui e chegar ate um telefone próximo, podemos pedir ajuda – Diz Clara.
-Vocês não perceberam? Se esses caras notarem que saímos do refeitório, sabe lá o que irão fazer conosco – Não queria criar pânico, só queria que elas tivesses cientes da situação em que estávamos.

Continuando, a frente havia uma passagem para a direita, para frente e uma para a esquerda, estávamos perdidas naquele labirinto metálico. Mas acho que não vai fazer diferença por onde formos, pois saindo daqui é o que importa, mas parecia que quanto mais rastejávamos mais ia ficando estreito e apertado. Então paramos e tentamos decidir por onde continuaríamos.

-Vamos para a direita – Diz Cris.
-O telefone mais próximo fica a esquerda – Diz Clara.
-Bom boa sorte pra vocês, mas eu quero sair daqui – Cris já estava quase virando a próxima esquina quando desapareceu.
-Como ela é egoísta, se pegarem ela... – Clara se importava muito com a amiga, mas não poderia se culpar por ter uma amiga egoísta que pensava só nela mesma.
-Vamos Clara, logo encontraremos outra abertura – Digo indo pela esquerda.

Com a despedida inesperada de Cris, fiquei pensando comigo mesma se eu deveria ter feito algo para impedi-la de ir sozinha, não é só por que somos colegas de trabalho ou por que nos conhecemos a pouco tempo, mas por que nunca se deve andar separado em certas ocasiões. E essa não parecia uma melhor hora, ainda mais andando dentro de um duto de ar onde ela mesma estava ficando sem ar, quem iria ajudar ela se acontece alguma coisa?

Chegando a abertura, reparo que estávamos em cima do banheiro masculino, era um bom lugar para descer e tentar chegar ao elevador que estava quase ao lado. Mas apesar de pensar que seria um dos primeiros lugares onde eles procurariam pelas pessoas não poderíamos seguir pelo duto por mais tempo. Retiro sem fazer muito barulho a grade e observo que a pia estava a poucos metros de nós, se eu ficar pendurada acho que conseguiria cair em cima dela sem problema.

-Eu vou primeiro, depois ajudo você a descer – Digo colocando já as pernas para fora do duto, em seguida ficando pendurada com as mãos.

Consigo cair normalmente, mas faço um pouco de barulho com minha bota quando bate no azulejo branco. Vou ate a porta antes de ajudar Clara a descer para me certificar que não seriamos surpreendidas por alguém, por que ate então eles devem achar que ninguém saiu daquele refeitório. O banheiro estava limpo, com azulejos azuis nas paredes com detalhes brancos esculpidos, as torneiras cromadas com detalhes dourados, e as portas de todos os Box havia um mosaico desenhado. Realmente era um banheiro e tanto, o cheirinho de limpeza pairava sobre o ar trazendo uma sensação de bem estar.

Coloco o ouvido na porta esperando escutar algo antes de ajudar Clara descer, mas não escuto nenhum ruído, acho que estava tudo certo. Para nosso azar não havia chave para trancar a porta então deveríamos sair dali o mais depressa possível, não quero nem imaginar se algum desses soldados pegarem agente aqui, principalmente aqui no banheiro masculino.

-Pronto pode vim Clara, mas desça com cuidado e não faça barulho – Alerto.
-Mas estou de saia, não posso simplesmente me jogar – Diz ela segurando a saída tapando o meio das pernas.
-Faça como eu, pendure-se e depois dessa... Vamos é fácil – O problema vai ser se ela fizer algum barulho.
-Ta bom...

Ela finalmente cai, fazendo um barulho com seu salto que acaba de quebrar. Pessoas estavam correndo no lado de fora do banheiro no corredor, mas estavam passando indo para outro lugar.

-Clara se esconda em um desses Box rápido – Ajudo-a levantar e corro ate o penúltimo Box deixando o ultimo para ela.

Alguém entra no banheiro dando passos curtos e silenciosos, espero que não tenha sido pelo salto de Clara. Subo no vaso sanitário e olho por cima do Box de Clara avisando ela para fazer o mesmo, ela estava parada com os dois sapatos na mão contra o peito respirando bem fundo, seu rabo de cavalo estava começando a se desfazer. Ela acena com a cabeça e baixa a tampa do vazo lentamente para poder subir, no momento que ela sobe a tampa do vazo range.

Volto para meu Box e fico bem quietinha respirando silenciosamente, meu coração estava disparando cada vez mais. Clara deveria estar se sentindo pior por ter nos entregado, mas agora temos que nos preocupar em pensar no que vai acontecer.

Ele concertesa era um soldado, o barulho dos coturnos deles ecoavam por todo banheiro por ser de borracha em baixo. Vejo sua sombra aparecendo no vidro vindo em nossa direção, mas estava muito rápido. Chegou ate o sexto Box e olhou por baixo para ver se encontrava alguém, mas para nossa sorte ele continuou e olhou em baixo do meu Box, sinto um cala frio percorrer minha espinha no momento em que ele se abaixa. Chegando ao fim do primeiro Box ele se decide em ir embora, mas sem querer dou um suspiro de aliviada que o faz voltar.

Desta vez ele começou a abrir os Box do primeiro ao ultimo, era o nosso fim concertesa ele iria nos encontrar agora. Meu coração estava batendo rápido de mais e minhas mãos que estavam fixadas nas paredes estavam ficando escorregadias e tremulas, se ele nos pegar iria nos matar? Ou iria nos escutar e nos dar uma chance? Qual é Morgana esquece isso, é o nosso fim pelo seu misero suspiro de alívio antecipado.

A sobra da morte que eu vejo em minha frente me faz ter apenas uma idéia, a única coisa que poderia ser feito antes dele do que eu. Coloco minhas duas mãos nas paredes dos Box dos lados, no momento em que ele abre a porta o empurro com todas as forças para trás fazendo o bater de costas na pia e caindo no chão sentado. Corro ate ele tapando sua boca e tento parecer mais inofensiva possível para não fazer ele reagir.

-Xiii... Xiii, calma não vou machucar você – Tento não fazer muito barulho para não chamar a atenção de mais ninguém – Agora eu vou tirar a mão da sua boca e nós vamos conversar com calma tudo bem? – Ele finalmente se acalma e acena com a cabeça, e Clara sai do Box ainda com os sapatos contra o peito.
-O que vocês querem de mim? – Pergunta ele suando frio.
-Primeiro queremos saber o que esta acontecendo nesse lugar? Ou melhor, o que aconteceu naquele refeitório? – Pergunto sentando na sua frente.

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