‘‘Corra, mais que o seu coração agüentar, mais que o seu corpo resistir. Corra para longe, pois lutar é inútil contra uma multidão dos mortos vivos’’ By: Edward .W
Os raios de sol entravam bravamente pelas janelas abertas do quarto, a luz provocada pelo sol incomodava meus olhos, me forçando a abrir lentamente para me acostumar com a iluminação do local.
Abracei fortemente meu travesseiro antes de levantar naquela manha linda que estava fazendo. Aqui na ilha de Florianópolis é um lugar agradável de viver, bem populoso, mas estou acostumada com lugares populosos, no Rio de Janeiro era ate pior, mas você sempre acaba se acostumando.
Puxei carinhosamente o lençol de seda ate que ele desliza-se sobre minhas pernas ate o chão, caminhei lentamente ate a sacada esfregando os olhos ofuscados pela luz do dia e me espreguicei calmamente, passei a mão pelos meus cabelos e os prendi em um rabo de cavalo bagunçado. Voltei-me para o quarto e fui ate o banheiro, ele era lindo, havia uma enorme banheira, vaso sanitário, pia em cerâmica pintada à mão, era um lugar muito aconchegante, eu não precisava muito daquilo tudo, mas se nosso esforço no trabalho nos recompensa com aquilo era melhor aproveita.
Entrei na banheira que estava com uma água bem fresca, passei um tempo ali para os músculos relaxarem, depois sai para me enxugar.
Sai do banheiro deixando a toalha cair no chão, meu corpo nu sentindo a brisa quente do verão entrando pelo quarto me dando arrepios. Coloquei a toalha em volta do meu corpo e fui ate o meu closet.
Eu passava pelas roupas do armário até que algo despertou em mim um olhar apaixonante, era o meu vestido branco que usei quando completei 18 anos, aquilo me trazia uma nostalgia, passei alguns segundos olhando para ele, tudo começou a vir como um flashback, eu fui à primeira das minhas amigas a conseguir me formar numa faculdade e conseguir um emprego digno de se trabalhar, separei-me muito rápido de minhas amigas e minhas mordomias quando mais nova foi a primeira a tomar iniciativa na vida.
Peguei minha calça jeans favorita e uma blusa que eu havia comprado no Rio de Janeiro quando estudei no I. M. E, bons tempos foram aqueles, me vesti, coloquei minha bota preta, peguei minha bolsa em cima da cadeira e sai do quarto.
Fui para o carro para o meu primeiro dia de trabalho, eu iria apenas apresentar-me e conhecer as instalações, já que eu era engenheira da computação. O lugar onde eu iria trabalhar era um pouco longe do meu apartamento, como as ruas estavam quase sempre cheias mais tarde, resolvi levantar mais cedo para não pegar transito e chegar atrasada.
Liguei o rádio e procurei uma estação legal para ir tranqüila escutando minha musica, mas era tão cedo que só estava dando noticia era difícil encontrar uma estação que toca uma musica agradável. Foi então que o cara do radio falou ‘‘Essa semana esta fazendo três anos que a pequena cidade do Rio grande do sul esta sendo reconstruída por causa do incidente... ’’ Não estava a fim de querer escutar mais tragédias, quando saiu nos jornais o que ocorreu lá eu quase nem acreditei, pessoas atacando umas as outras sem razão, destruição, milhões de pessoas morrendo... Era difícil de acreditar.
Pouco tempo depois cheguei às instalações de pesquisas a qual fui designada para trabalhar. Eu estava muito preocupada com esse novo trabalho, eu havia pedido transferência, então não saberia se iria me adaptar a vida nessa ilha. Mas como meus pais sempre me disseram que a vida é uma caixinha de surpresas. Fui recebida por um homem alto, cabelos castanhos claro que estava conversando com alguns guardas quando cheguei. Quando ele me viu parada ali ele veio ao meu encontro e disse.
-Seja bem vinda senhorita Morgana – Disse ele educadamente.
-Obrigada – Respondi – Onde começo a trabalhar? – Perguntei louca para começar.
-Venha comigo, por favor – Disse ele agora indo na frente com os braços nas costas.
O homem guiou-me para dentro da instalação, havia varias pessoas fardadas ou de branco, o lugar parecia ser bem grande, e um lugar muito importante aqui. Essa oportunidade que eu tive é única, estudei e trabalhei toda minha adolescência para conseguir chegar onde eu estou e ainda quero subir mais.
-Aqui senhora, é só você ir ate o quarto andar – Ele ficou parado ao lado do elevador enorme prateado com os braços ainda nas costas, ele sorriu e se despediu.
-Tudo bem, muito obrigada – Agradeci entrando finalmente no elevador.
-Foi um prazer senhora – Vi as portas fechando-se e fazendo-o sumir.
Em pouco tempo cheguei ao quarto andar, a porta do elevador se abriu e me deparei com uma enorme sala, caminhei lentamente admirando cada detalhe que nela tinha quadros por todos os lados de pintores famosos, um enorme aquário havia no centro da sala com peixes coloridos, era muito lindo lá dentro. Uma mulher loura com o cabelo bem liso preso por um rabo de cavalo e de óculos estava ao que parecia me esperando, deveria ser a secretaria do presidente da empresa.
-Olá você poderia me ajudar? – Perguntei educadamente segurando pela alça minha bolsa de couro preto.
-Claro senhora.
-Meu nome é Morgana eu vim transferida do Rio de Janeiro para trabalhar com vocês...
-Morgana? – Me interrompe ela – Á sim claro, desculpe o senhor Carlos esta a sua espera naquela sala – Diz ela sorrindo e apontando com o dedo.
-Ta bom, muito obrigada, qual o seu nome desculpe – Já comecei a tentar fazer amizades lá dentro.
-Clara, meu nome é Clara – Diz ela estendendo a mão para mim.
-Muito prazer eu sou a Morgana – Sorri.
-O prazer é todo meu, pode entrar senhora – Não sei se é só por que sou nova aqui ou as pessoas são realmente simpáticas e educadas.
-Obrigada – Disse por fim me retirando.
Fui em direção a uma porta dupla de madeira com detalhes cromados nela, sem duvida era a porta mais linda de todas que eu vi aqui dentro, claro que era ali que meu novo chefe se encontrava. Arrumei meu cabelo refazendo meu rabo de cavalo, ajeitei minha blusa e minha bolsa e entrei, ele estava sentado em uma enorme mesa quadrada preta ilustrada com uma xícara de café quente que espalhava o cheirinho bom por toda sala. Havia um homem que estava apresentando algo para ele no computador que estava exibindo as imagens na parede, pude ver antes que ele desliga-se imagens de varias células e de uma pessoa velha, só o que pude ver. Mas logo que entrei o homem de terno e cabelo preto penteado para trás fechou os arquivos e me encarou colocando seu computador na maleta de couro.
-Desculpe não queria atrapalhar – Fico totalmente sem saber o que dizer.
-Ah que isso, pode entrar... Sente-se – Sua aparecia era de um homem de trinta e poucos anos, ele vestia um palito verde escuro, seu cabelo curto e grisalho deixava seu estilo mais bonito e charmoso. O outro homem já havia saído da sala.
-Bom dia senhor, com licença – Sentei em frente sua mesa deixando minha bolsa na cadeira ao lado.
-Você veio transferida do Rio certo? – Perguntou ele – Por que preferiu vir para cá?
-Á vida no Rio é muito perigosa senhor, desde pequena sempre quis sair de lá – Passei a mão no cabelo para disfarçar meu nervosismo, então continuei – Então quis tentar Florianópolis, sempre tive vontade de vir pra cá.
-Entendo... – Diz ele cruzando os braços – Realmente no Rio a vida é muito perigosa, mas espero que de tudo certo para você aqui Morgana, meu nome é Carlos, sou o presidente desta empresa como você já sabe – Disse ele sorrindo novamente para mim – Sua sala vai ser no terceiro andar, você já pode ir e boa sorte!
-Obrigada Senhor – Vou retirando-me, pego minha bolsa e saio pela porta dupla de madeira e elegante.
Saindo da sala passei por clara novamente e dei um tchau e continuei meu caminho até a porta do elevador. Quando cheguei ao terceiro andar não foi difícil encontrar a minha sala, pois nela estava com o nome bem em cima ‘‘Morgana Gumes’’. A minha sala era uma das primeiras do andar, só de ver aquela sala todinha minha, meus sofás, meus armários, meus quadros, meus olhos brilhavam, chegar onde eu estou era meu sonho desde menina. Sento atrás de minha mesa na minha poltrona preta de couro, o cheiro de couro novo ainda estava nela, concertesa era um lugar muito agradável de trabalhar. Havia um documento dentro da gaveta que estava escrito ‘‘Projeto Ômega, alta prioridade’’, nele dizia algo sobre o incidente ocorrido na cidade do RS á três anos atrás. A ultima pessoa que trabalhou aqui deveria ter o esquecido aqui dentro.
Com o passar das horas, já era hora do almoço, coloquei novamente os papeis dentro da gaveta e minha bolsa dentro do armário ao lado de minha mesa, então desci para o refeitório. O lugar estava em perfeita ordem, várias pessoas servindo-se em filas para almoçar, outras já sentadas em suas mesas devorando o que havia de almoço. Então fui para fila me servir, mas não estava com fome, apenas coloquei na bandeja uma coxa pequena de galinha, duas colheres de arroz e um pouco de feijão.
Avistei Clara a secretaria que conheci mais cedo, então fui sentar junto com ela e de outra mulher que estava ao seu lado. A outra mulher tinha cabelos castanhos ondulados, vestindo o mesmo uniforme que Clara, ela deveria ser outra secretaria. Fazer novos amigos era uma tarefa difícil para mim, já que sempre fui tímida desde pequena, mas não custava tentar.
-Ola de novo Clara – Digo sentando na frente delas.
-Oi, Senhora Morgana – Disse ela num tom mais educado e formal.
-Por favor, só Morgana está ótimo, me sinto tão velha quando me chamam assim – Digo sarcasticamente.
-Desculpe, Morgana essa é minha amiga Cristiane – Clara é interrompida.
-Mas pode me chamar de Cris, muito prazer Morgana – Cris e Clara, fazer amizade não é tão difícil assim, pensei comigo sarcasticamente.
-O prazer é meu Cris – Sento de frente para as duas secretarias da empresa, Cris era a recepcionista que ficava na entrada do prédio e Clara a secretaria particular do Chefe – Então faz muito tempo que trabalham aqui?
-Vai fazer três anos mês que vem – Diz Cris tomando um pouco do suco de morango.
-Eu sou mais velha – Brinca Clara – Vai fazer cinco anos daqui a três semanas.
-Espero poder ficar todo esse tempo também – Brinco.
Depois de alguns minutos conversando com minhas colegas de trabalho, parecia ter dado algum problema duas mesas na nossa frente. Alguns cientistas estavam discutindo, e outro parecia que estava mal e avisava para se afastarem dele. Ele estava com uma aparecia pálida e com os olhos com profundas olheiras, seus lábios estavam roxos e ressecados. Ele tentava afastar os outros colegas de perto com apenas uma mão, a outra ele estava na barriga como se estivesse com alguma dor. Foi então que ele vomitou um jato de sangue no chão branco e limpo, todos se afastaram e ele logo foi ao chão de joelhos.
Homens de branco com mascaras entraram no refeitório rapidamente fazendo uma confusão enorme. Eles levantaram o cientista que estava se esvaindo em sangue no chão eles falavam coisas uns para os outros, mas não dava para entender o que era só o que pude ouvir era.
-Afastem-se dele... Vamos pode ser tarde de mais, ele pode estar... – Logo todo mundo falava ao mesmo tempo querendo saber o que iria acontece com aquele homem que agora se encontrava inconsciente.
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