quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

2º Confiança para sobreviver


-Vocês não foram mordidas? Não tiveram contato com nenhum sangue deles? – A respiração dele continuava acelerada, mas do que ele estava falando? Mordida? Sangue?
-Não... Nós não tivemos, mas por que esta perguntando isso?

Ele levanta e fica ainda encostado na parede limpando o suor que escorria pelo rosto, suas mãos estavam tremulas na hora que ele retiro as luvas para lavar as mãos e o rosto. De frente para a pia enorme e olhando diretamente para o espelho ele pergunta.

-Como conseguiram escapar? – Agora mergulhando o rosto nas mãos cheias d’água.
-Pelo duto de ar, nós fechamos à passagem a hora que saímos... Acho que ninguém nos seguiu – Eu acho.
-Bem sorte a de vocês, pois posso lhes dizer que vocês estariam como eles agora se não tivessem saído – Agora ele estava secando o rosto com um pedaço de toalha de papel e virando para nós.
-Como eles? – Pergunta Clara agora parada ao meu lado – Como assim?
-Mortos – A palavra entra em minha cabeça como uma facada no ouvido, e minha saliva descem como um bloco de gelo, quase que me sufocando – Todos aqueles funcionários, secretario, médicos, todos eles estão mortos.
-Como mortos? Todos estavam se atacando na medida em que eram mordidos, todos estavam agindo feito... – Por um minuto lembro quando estava a caminho para cá, no noticiário do radio do meu carro dizendo que hoje fazia três anos do incidente no RS, depois me lembro de ter encontrado uma fixa em minha sala sobre isso também, que na cidade as pessoas atacavam umas as outras sem razão e começaram um massacre.
Mas eu apenas li por cima, não achei que fosse importante, não é possível. Será que esta tudo acontecendo novamente? Como ocorreu naquela cidade? Mas se for assim as pessoas de fora não estão sabendo, se algum desses funcionários conseguir sair vai ser mais um caos.

-Trata-se de um Vírus, um vírus que estava sendo estudado pelos melhores cientistas do Brasil, é o mesmo vírus que destruiu a cidade do RS. E se essas pessoas que estão infectadas saírem deste prédio vamos encarar um pandemônio nesta ilha.
-Mas e ninguém está fazendo nada? Para impedir que isso aconteça? Meu Deus nós vamos morrer aqui dentro – Clara estava começando a entrar em desespero, mas não posso culpa – lá, só de imaginar o que pode acontecer agora se apenas sairmos desse banheiro.
-Quero sabe tudo o que você sabe – Pelo menos saber da situação em que estou é o essencial.
-Eu não sei muito, sou apenas um soldado seguindo ordens. Mas o que eu sei, é que eles atacam você pra morder, eles têm fome de carne fresca. Depois que você é mordido você fica infectado pelo vírus e fica como eles.
-Não tem cura? Alguma vacina ou algo do tipo? – Pergunto.
-Na minha cabeça, era isso que os cientistas estavam tentando desenvolver aqui, não tiveram muito sucesso. A ordem que nos foi dada era matar qualquer infectado, e se alguém tivesse sido mordido também.
-E quanto tempo demora pra virar um deles depois do contagio? – Pergunta Clara.
-É relativo, horas, minutos ou ate segundos dependendo do tamanho da infecção.

O problema estava ficando cada vez maior quando saia qualquer palavra da boca dele, a vontade de fazê-lo parar de falar era tentadora, mas precisávamos saber do Maximo possível. Ate ontem eu diria que isso era impossível de acontecer, mas quanto mais duvidamos mais cedo comprovamos que pode acontecer.

-E se pegarem agente agora? O que aconteceria? – Pergunto.
-Seriam levadas a uma sala para esterilização, onde todas as pessoas estão agora, se estiverem infectadas serão mortas - Ele parecia assustado tambem.
-E por que esta nos dizendo isso de boa vontade? – Clara retiro a pergunta que estava querendo sair da minha boca.
-Digamos que eu não concordo com algumas decisões do meu chefe, eu só quero agora é sair desse lugar – Diz ele colocando as luvas e se preparando para sair.
-Bom então estamos no mesmo time, meu nome é Morgana e essa aqui é a Clara – Estendo a mão para complementá-lo, era meio irônico fazer isso, mas educação em primeiro lugar, eu sempre aprendi.
-Me chamo Davi, prazer em conhecê-las – Ele finalmente esboça um pequeno sorriso no canto do lábio.

Vozes estavam ecoando pelo corredor, alguém estava vindo, e iria entrar aqui também. Se pegassem Davi ajudando agente, Deus sabe o que poderia acontecer com ele e com agente. Subir novamente pelo duto era impossível, pois estava muito alto e a pia estava longe para podermos alcançar.

-Tem alguém vindo – Diz Davi – Rápido entrem nos Box que eu vou levá-lo para fora.

Corro para dentro do primeiro Box que eu vejo e Clara foi para o ultimo novamente, deixando um Box separando agente. Finalmente a porta se abre e outro soldado entra e começa a conversar com Davi, sua voz era um tanto grossa e parecia muito cheio de si, ele não iria nos poupar se nos visse.

-E ai Davi dormiu no banheiro? Ta retocando a maquiagem é? – Ri ele.
-Eu estava me sentindo meio enjoado, por isso demorei, mas eu... Já to bem, vamos embora Leo – Davi estava tentando tira-lo para fora do banheiro para podermos sair, mas esse tal de Leo não estava ajudando.
-Que isso cara, to muito apertado... Preciso fazer o numero dois, você pode ir – Diz ele indo à direção dos Box.
-Não, Não eu espero você.
-O que? – Boa Davi, espera seu colega fazer o numero dois, você foi genial.
-Quer dize eu espero aqui fora – Disfarço bem ele.
-Beleza então, vou nesse primeiro aqui – Um frio no estomago veio quando vi aquela sombra enorme cobrindo a porta de vidro do Box que eu estava.
-Não espere – Davi se mete na frente e não o deixa entrar – Este aqui esta em manutenção entre no segundo aqui.
-Valeu.

Vejo a sombra dobrando ao lado e a segunda que era a de Davi indo em direção a porta. Agora era tudo questão de paciência e de agüentar o cheiro insuportável que iria ficar. Depois de uns dez minutos sentada com as duas pernas para cima, ele começa a fechar a calça e saindo do Box, sem ao menos puxar a descarga e lavar as mãos, sua sombra segue direto para a porta e desaparece.

-Meu Deus, me tira daqui – Dizia Clara.
-Calma já vamos sair – Digo quase num sussurro.
-Podem sair, esse corredor ta vazio, nos encontramos depois – Esse foi o Adeus de Davi.

Abro a porta lentamente e olho para os dois lados para ver se estava seguro, a ultima coisa que eu queria era me encontrar com um desses soldados malucos. Para a nossa sorte encontramos o mais gentil deles, e ainda nos alertou o que estava acontecendo aqui. Alem de termos que ter cuidado com as pessoas doentes, devemos andar nos escondendo dos soldados.

-Para onde vamos? – Pergunta Clara.
-Pra minha sala, é a mais perto... Vamos pegar o telefone e ligar para a policia e avisá-los – Isso se conseguirmos chegar ate lá.


Estávamos no segundo andar, precisaríamos chegar ate o terceiro onde minha sala estava. Espero que eles não estejam naquele corredor, é a única coisa que peço. Damos o primeiro passo para a esquerda indo em direção a primeira esquina, olhei lentamente contra a parede para ver se estava limpo, então prosseguimos. O elevador já estava a vista, espero que eles não tenham desativado ele, isso complicaria um pouco, se bem que se formos por elevador, não saberíamos se eles nos encontrariam na porta quando ela se abri-se.

-Morgana quando chegarmos lá preciso chegar ate minha mesa para pegar minhas coisas – Clara estava muito assustada, ela andava segurando meu braço fortemente, mas ainda bem que não estou sozinha.
-Fico maluca? Sua mesa fica ao lado da sala do diretor, deve estar cheia de soldados – Digo quase que num sussurro.
-Ta, mas, acho que se mostrar que não estamos doentes, eles nos deixam ir – Que ironia dela pensar assim.
-Clara eles não vão pegar leve só por isso, se fizermos isso sabe lá o que farão com agente.

Estávamos quase chegando ao elevador, mas somos surpreendidas por um homem de branco igual aquele que caiu no chão do refeitório. Ele parecia estar tonto, e caminhava com os pés ambos para dentro, com os braços molengos e se debatendo contra parede de cabeça baixa.

-Senhor? Você esta bem? – Pergunto, mas ele avançava ainda mais sem ao menos nos olhar.
-Morgana... – Clara estava me puxando para trás, mas eu tinha que saber se ele estava bem.
-Calma senhor, o senhor esta se sentindo bem, parece estar... – Sou interrompida quando ele levanta a cabeça a corre na nossa direção fazendo um gruído muito atormentador que me paralisa.
-Corre! – Grita Clara puxando meu braço.

Aquele homem que saiu de uma sala do corredor estava agora correndo desesperadamente atrás de nós, com uma velocidade que estava quase nos alcançando. Sua boca estava espumando e seus olhos amarelados com olheiras em torno deles, ele agiam exatamente como aquelas pessoas malucas do refeitório, mas pensei que todas estavam trancadas ou mortas lá.

-Por que ele ainda esta atrás da gente? – Pergunta Clara.
-Não sei... Temos que nos esconder sem chamar atenção dos soldados – Digo já avistando uma porta que estava fechando-se – Vem por aqui – Os gruídos dele estavam ficando mais intensos e ele ficava batendo os braços na parede com tanta raiva.

Entramos na porta e ficamos de costas para que ele não consegui-se abrir, mas a força dele era muito, para um simples homem magro contra duas mulheres que estavam segurando uma porta de alumínio. Vejo uma mesa para colocarmos para bloquear a porta, quando fui surpreendida com a mão dele quebrando o pequeno vidro que havia na superfície me segurando dos cabelos.

-Clara me ajuda – Grito.
-Solta ela – Grita ela.
-Não sai daí, se não ele vai consegui entrar – Digo me preparando para sair, mas meus cabelos estavam ainda em suas mãos e eu não tinha nada para fazê-lo soltar.

Com uma força surpreendente sinto minha cabeça latejar quando ele a bate contra a porta, mas me mantenho firme. Puxo com toda força minha cabeça arrancando um chumaço de cabelo que fica preso na mão dele desfazendo meu rabo de cavalo. Pego uma prancheta de anotações que havia em cima da mesa e bato com força varias vezes na mão dele para fazê-lo recuar, mas nada adiantava.

-Clara segura firme... – Corro para a mesa para bloquear, retiro as cadeiras e empurro contra a porta. As batidas continuaram, mas com aquela mesa ele não conseguiria abrir – Vem cá e me ajuda Clara.

Colocamos mais um sofá ao lado da mesa, agora sim nem com as batidas dele a porta movia-se. Ficamos uma do lado da outra esperando que ele fosse embora, mas ele ainda continuava ali tentando de tudo para entrar, tenho medo de o que pode acontecer se algum soldado vier agora.

-O que vamos fazer? Temos que sair daqui – Clara estava começando a entrar em estado de desespero.
-Eu estou pensando... – Sento em uma cadeira que eu havia derrubado para mover a mesa.
-Tem aquela outra porta, que da na sala ao lado Morgana – Diz Clara indo na direção dela – Droga... – Sua voz estava quase desaparecendo, estava a ponto de chorar – Ta trancada.
-Isso é animador... Com o barulho que fizemos não ira demorar ate algum desses soldados entrarem aqui – Era questão de tempo, e o pior era que não havia passagem de ar nesta sala, a única que tinha não passava nem meu braço.

A mesa balançava com as batidas do cara do lado de fora, mas por que ele não desiste? Se tivéssemos em nos andares mais baixos poderíamos baixar pelas sacadas. Sacadas? O único caminho que poderia nos tirar daqui. Der repente dois tiros ecoaram no corredor, espirrando sangue no vidro quebrado da porta, o cara havia sido baleado na cabeça pelos soldados que se aproximavam.

-Clara vem comigo – Puxo-a pelo braço em direção as janelas.

Abro o vidro lentamente para a esquerda, sentindo a brisa de verão batendo em meu rosto. Estávamos no segundo andar, não parecia tão alto, os portões estavam selados sem nenhum soldado guardando a entrada do prédio. Vejo que a janela da sala ao lado estava aberta, pois a cortina estava voando para fora, uma cortina branca com detalhes costurados amarelos.

-Você ta maluca? Eu não vou passar ai, nós podemos cair Morgana – Clara se recusava a passar, pois medo de altura é muito comum em qualquer pessoa, principalmente se você esta sobe ameaça de soldados.
-Clara é a nossa única saída, eles vão entrar aqui... Vamos de costas e lentamente – Estendo a mão para ela, mas ela da uma ultima olhada para a porta sendo empurrada.

O vento atrapalhava um pouco nosso equilíbrio, mas a janela não era muito longe para alcançar. Temo que não esteja vazia a sala quando entrarmos, pois não adiantaria nada todo esse sacrifício. O frio na barriga era fatal, eu não pude de deixar de olhar de canto para baixo para ver aquela multidão de carros e pessoas lá em baixo, sorte que nem estavam nos notando.

Consigo finalmente alcançar a janela, empurro a cortina e me jogo de imediato para dentro, meu cabelo se desfez novamente com a ventania. A sala estava segura nada de pessoas loucas ou soldados, era a sala de espera do consultório do dentista da empresa. A porta estava trancada, mas as chaves reserva estavam no painel da mesa da secretaria. Noto que Clara estava demorando, então corri para a janela para verificar, e encontro Clara empacada na metade do caminho com os olhos cheios de lagrimas.

-Morgana me ajuda, eu não consigo me mexer – Clara estava aos prantos chorando.
-Calma, não olha pra baixo, olha só pra mim... De um passo de cada vez que você vai conseguir – Nunca havia passado por uma situação dessas em minha vida, a única coisa a fazer era não entrar em pânico.
-Eu não consigo, eu vou cair... Tem muito vento.
-Confia em mim, eu ajudo você – Ela finalmente da o primeiro passo em minha direção, com o rosto quase colado na parede mas ela continuava, eu me assustei quando vi o salto alto que ela usava.
-Isso, ta quase chegando – Digo esticando o braço tentando alcançar sua mão.

Mas ela se precipitou, quando alcancei a mão dela, seu salto quebro e ela perde o equilíbrio e cai. Mas eu consigo segura-la a tempo de não deixá-la cair, seus cabelos voando ao vento quente que estava, e suas pernas balançando pra lá e pra cá.

-Não me deixa cair Morgana, por favor – Gritava ela, os soldados ouviriam os gritos e logo entrariam aqui. A vida dela estava em minhas mãos, e a minha também.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

1º O primeiro dia de emprego sempre é o pior.



Homens de branco com mascaras entraram no refeitório rapidamente fazendo uma confusão enorme. Eles levantaram o cientista que estava se esvaindo em sangue no chão eles falavam coisas uns para os outros, mas não dava para entender o que era só o que pude ouvir era.

-Afastem-se dele... Vamos pode ser tarde de mais, ele pode estar... – Logo todo mundo falava ao mesmo tempo querendo saber o que iria acontece com aquele homem que agora se encontrava inconsciente.

-Vamos, fechem as portas e as janelas deste local, temos que isolar a área – Soldados mascarados entraram rapidamente no refeitório com bastões de choque. Eles ficaram em volta do cientista que estava no chão, mas evitaram qualquer contato com ele.

Por que estavam com mascaras? Por que os bastões de choque? Por que eles não ajudavam o homem que estava morrendo ali no chão? Outros soldados ficaram na porta de saída do refeitório empunhando seus bastões ameaçando qualquer um que tente passar por eles. Era se como se eles temessem que alguma coisa terrível saísse daqui, mas o que era tão terrível que eles foram capazes de ameaçar os funcionários que quisessem sair?Um homem estava gritando com um dos soldados que bloqueavam a saída, mas eles apenas diziam para se afastar.

-O que esta acontecendo? Deixe-nos sair agora, vocês não tem esse direito – Dizia o homem de cabelos pretos, roupa social e com sua maleta na mão.
-Desculpe senhor, estamos cumprindo ordens, vocês não podem sair – Ordens? Penso. Ordens de quem? Quem ordenaria trancar funcionários dentro de um refeitório colocando-os em risco de seres agredidos por bastões de choque?

Clara e Cris ficam ao meu lado assistindo tudo, as duas ficavam se perguntando a mesma coisa, mas de alguma forma tínhamos que sair daquele lugar e falar com o Diretor Carlos. Os soldados começaram a investigar o corpo do cientista que estava caído no chão em torno de uma posa de sangue que ele mesmo fez.

-Tarde de mais ele esta morto – Diz o soldado que verificou o cadáver.
-Entendido vamos levá-lo e esterilizá-lo – Esterilizá-lo? Por que ele estava com algum tipo de doença contagiosa? Ou algo pior?

O primeiro soldado cobriu o corpo com um pano preto, e o colocou no ombro. As pessoas abriram o caminho para passarem com o cadáver, no momento em que eles iriam sair do refeitório o corpo que parecia estar morto, teve reações agressivas saltando do ombro do soldado e o atacou mordendo seu ombro.

-Recuar... Recuar – Todos os soldados gritavam indo em direção a porta deixando todos nós preços aqui.


Todas as pessoas correram em direção a saída, menos eu. Segurei o braço de Clara e Cris para não se juntarem à bagunça que estava se formando. O cientista que estava aparentemente morto estava atacando todas as pessoas que tentavam se defender ou fugir do local. O soldado que havia sido mordido estava agora no chão e a sua ferida causada pela mordida do cientista estava saindo muito sangue. Mas apenas por uma mordida?

-Por que eles trancaram agente? Nós temos que sair daqui, vamos – Diz Clara saindo da mesa e indo em direção a multidão.
-Espera Clara – Digo pegando-a do braço – É melhor acharmos outra saída, por ali não vamos passar tão cedo – Olho em volta e tento encontrar alguma janela, mas de alguma forma todas foram trancadas.
-E por onde você espera sair? – Pergunta Cris já com a voz gaguejando com medo.

Vejo que á uma pequena abertura em baixo na parede, era uma passagem de ar do prédio que estava sendo totalmente ignorada pelos outros. Talvez por ali possamos chegar ate uma sala ou um corredor e conseguir ajuda. O soldado que estava no chão levanto rapidamente e estava agindo da mesma forma que o cientista, estava descontrolado e com raiva nos olhos que era rodeado por enormes olheiras pretas.

-Vamos por aqui, Clara, Cris – Puxo com força a chapa de metal com grades que bloqueava nosso caminho e a deixo no lado.
-Ta maluca? Eu não vou entrar ai – Diz Cris temendo um simples duto de ar.
-Cris é a nossa única chance, rápido entra – Logo ela baixa a cabeça e segue atrás de Clara que nos chamava logo à frente.

Finalmente vou atrás de minhas colegas, mas antes de ir estico o braço e puxo de volta a grade encaixando-a de novo na parede para que não possamos ser seguidas. O caminho não era muito estreito, mas logo poderíamos ter problemas para respirar, pois estava muito abafado. O barulho que estava no refeitório estava ecoando no tubo, mas estava desaparecendo pouco a pouco à medida que nos distanciávamos.

-Á uma abertura, vamos ter que subir por aqui e chegar ate o segundo andar – Diz Clara já em frente começando a subir.
-Espero que não demore muito, estou começando a ficar sem ar – Realmente Cris estava certa, estava começando a ficar abafado aqui, mas o segredo é manter a calma.

Subindo pelo duto de ar as escadinhas eram perfeitamente firmes e bem soldadas na parede para subirmos. O único problema é que estava começando a ficar apertado, pois aquilo não era apropriado para três pessoas e sim uma, mas se continuássemos lá... Nem quero imaginar o que aconteceria. Agora já estávamos em linha reta, rastejando em direção que ao que parecia ser uma saída. Em baixo de nós, os mesmos soldados que invadiram o refeitório estavam correndo sem notar que estávamos ali. Ao que parecia estavam recebendo ordens de não deixar ninguém sair dela, mas por que tanta pressa? Dois soldados pararam no corredor e começou a conversar com o outro, um tinha cabelo grisalho e pele bronzeada com uma tatuagem de tribal aparecendo no pescoço e uma cicatriz no canto do lábio, o outro era mais jovem, cabelo castanho claro e tipo físico médio.

-O que esta acontecendo cara? Por que temos que deixar aquelas pessoas pressas dentro daquele refeitório? – Diz o mais jovem querendo explicações.
-Eu não faço idéia, mas foi ordem do próprio senhor Carlos para que não deixássemos ninguém sair – Diz o soldado mais velho.
-Isso é loucura, elas estão matando umas as outras... E se elas conseguirem escapar? O que faremos? – O soldado pelas perguntas que estava fazendo parecia ser um novato recém chegado também.
-Atiramos... – Diz ele friamente.
-Atirar? – Espantado com a direta resposta do colega, ele se encolhe, mas mantêm a calma – Mas atirar em civis?
-Não temos tempo para explicações, vamos – Eles voltam a correr em direção ao refeitório com suas armas.

Clara e Cris ficaram tão espantadas como eu fiquei, agora que sabemos que podemos ser mortas se sairmos desse duto de ar. Mas tínhamos opções, ou ficamos onde estamos e morremos asfixiadas, ou pulamos para o corredor abaixo de nós e corrermos o risco de sermos mortas pelos soldados. O medo estava começando a me dominar, mas se as duas estavam com medo uma de nós tem que manter o controle.

-Vamos... Temos que seguir em frente – Digo passando pelo meio de Cris e Clara.
-Ta brincando né? Vamos ser mortas se sairmos daqui – Diz Cris.
-Vamos ficar sem ar se continuarmos aqui também – Digo arrumando a franja que estava já desarrumada.
-Ela tem razão, se conseguirmos sair daqui e chegar ate um telefone próximo, podemos pedir ajuda – Diz Clara.
-Vocês não perceberam? Se esses caras notarem que saímos do refeitório, sabe lá o que irão fazer conosco – Não queria criar pânico, só queria que elas tivesses cientes da situação em que estávamos.

Continuando, a frente havia uma passagem para a direita, para frente e uma para a esquerda, estávamos perdidas naquele labirinto metálico. Mas acho que não vai fazer diferença por onde formos, pois saindo daqui é o que importa, mas parecia que quanto mais rastejávamos mais ia ficando estreito e apertado. Então paramos e tentamos decidir por onde continuaríamos.

-Vamos para a direita – Diz Cris.
-O telefone mais próximo fica a esquerda – Diz Clara.
-Bom boa sorte pra vocês, mas eu quero sair daqui – Cris já estava quase virando a próxima esquina quando desapareceu.
-Como ela é egoísta, se pegarem ela... – Clara se importava muito com a amiga, mas não poderia se culpar por ter uma amiga egoísta que pensava só nela mesma.
-Vamos Clara, logo encontraremos outra abertura – Digo indo pela esquerda.

Com a despedida inesperada de Cris, fiquei pensando comigo mesma se eu deveria ter feito algo para impedi-la de ir sozinha, não é só por que somos colegas de trabalho ou por que nos conhecemos a pouco tempo, mas por que nunca se deve andar separado em certas ocasiões. E essa não parecia uma melhor hora, ainda mais andando dentro de um duto de ar onde ela mesma estava ficando sem ar, quem iria ajudar ela se acontece alguma coisa?

Chegando a abertura, reparo que estávamos em cima do banheiro masculino, era um bom lugar para descer e tentar chegar ao elevador que estava quase ao lado. Mas apesar de pensar que seria um dos primeiros lugares onde eles procurariam pelas pessoas não poderíamos seguir pelo duto por mais tempo. Retiro sem fazer muito barulho a grade e observo que a pia estava a poucos metros de nós, se eu ficar pendurada acho que conseguiria cair em cima dela sem problema.

-Eu vou primeiro, depois ajudo você a descer – Digo colocando já as pernas para fora do duto, em seguida ficando pendurada com as mãos.

Consigo cair normalmente, mas faço um pouco de barulho com minha bota quando bate no azulejo branco. Vou ate a porta antes de ajudar Clara a descer para me certificar que não seriamos surpreendidas por alguém, por que ate então eles devem achar que ninguém saiu daquele refeitório. O banheiro estava limpo, com azulejos azuis nas paredes com detalhes brancos esculpidos, as torneiras cromadas com detalhes dourados, e as portas de todos os Box havia um mosaico desenhado. Realmente era um banheiro e tanto, o cheirinho de limpeza pairava sobre o ar trazendo uma sensação de bem estar.

Coloco o ouvido na porta esperando escutar algo antes de ajudar Clara descer, mas não escuto nenhum ruído, acho que estava tudo certo. Para nosso azar não havia chave para trancar a porta então deveríamos sair dali o mais depressa possível, não quero nem imaginar se algum desses soldados pegarem agente aqui, principalmente aqui no banheiro masculino.

-Pronto pode vim Clara, mas desça com cuidado e não faça barulho – Alerto.
-Mas estou de saia, não posso simplesmente me jogar – Diz ela segurando a saída tapando o meio das pernas.
-Faça como eu, pendure-se e depois dessa... Vamos é fácil – O problema vai ser se ela fizer algum barulho.
-Ta bom...

Ela finalmente cai, fazendo um barulho com seu salto que acaba de quebrar. Pessoas estavam correndo no lado de fora do banheiro no corredor, mas estavam passando indo para outro lugar.

-Clara se esconda em um desses Box rápido – Ajudo-a levantar e corro ate o penúltimo Box deixando o ultimo para ela.

Alguém entra no banheiro dando passos curtos e silenciosos, espero que não tenha sido pelo salto de Clara. Subo no vaso sanitário e olho por cima do Box de Clara avisando ela para fazer o mesmo, ela estava parada com os dois sapatos na mão contra o peito respirando bem fundo, seu rabo de cavalo estava começando a se desfazer. Ela acena com a cabeça e baixa a tampa do vazo lentamente para poder subir, no momento que ela sobe a tampa do vazo range.

Volto para meu Box e fico bem quietinha respirando silenciosamente, meu coração estava disparando cada vez mais. Clara deveria estar se sentindo pior por ter nos entregado, mas agora temos que nos preocupar em pensar no que vai acontecer.

Ele concertesa era um soldado, o barulho dos coturnos deles ecoavam por todo banheiro por ser de borracha em baixo. Vejo sua sombra aparecendo no vidro vindo em nossa direção, mas estava muito rápido. Chegou ate o sexto Box e olhou por baixo para ver se encontrava alguém, mas para nossa sorte ele continuou e olhou em baixo do meu Box, sinto um cala frio percorrer minha espinha no momento em que ele se abaixa. Chegando ao fim do primeiro Box ele se decide em ir embora, mas sem querer dou um suspiro de aliviada que o faz voltar.

Desta vez ele começou a abrir os Box do primeiro ao ultimo, era o nosso fim concertesa ele iria nos encontrar agora. Meu coração estava batendo rápido de mais e minhas mãos que estavam fixadas nas paredes estavam ficando escorregadias e tremulas, se ele nos pegar iria nos matar? Ou iria nos escutar e nos dar uma chance? Qual é Morgana esquece isso, é o nosso fim pelo seu misero suspiro de alívio antecipado.

A sobra da morte que eu vejo em minha frente me faz ter apenas uma idéia, a única coisa que poderia ser feito antes dele do que eu. Coloco minhas duas mãos nas paredes dos Box dos lados, no momento em que ele abre a porta o empurro com todas as forças para trás fazendo o bater de costas na pia e caindo no chão sentado. Corro ate ele tapando sua boca e tento parecer mais inofensiva possível para não fazer ele reagir.

-Xiii... Xiii, calma não vou machucar você – Tento não fazer muito barulho para não chamar a atenção de mais ninguém – Agora eu vou tirar a mão da sua boca e nós vamos conversar com calma tudo bem? – Ele finalmente se acalma e acena com a cabeça, e Clara sai do Box ainda com os sapatos contra o peito.
-O que vocês querem de mim? – Pergunta ele suando frio.
-Primeiro queremos saber o que esta acontecendo nesse lugar? Ou melhor, o que aconteceu naquele refeitório? – Pergunto sentando na sua frente.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Introdução

‘‘Corra, mais que o seu coração agüentar, mais que o seu corpo resistir. Corra para longe, pois lutar é inútil contra uma multidão dos mortos vivos’’ By: Edward .W

Os raios de sol entravam bravamente pelas janelas abertas do quarto, a luz provocada pelo sol incomodava meus olhos, me forçando a abrir lentamente para me acostumar com a iluminação do local.
Abracei fortemente meu travesseiro antes de levantar naquela manha linda que estava fazendo. Aqui na ilha de Florianópolis é um lugar agradável de viver, bem populoso, mas estou acostumada com lugares populosos, no Rio de Janeiro era ate pior, mas você sempre acaba se acostumando.

Puxei carinhosamente o lençol de seda ate que ele desliza-se sobre minhas pernas ate o chão, caminhei lentamente ate a sacada esfregando os olhos ofuscados pela luz do dia e me espreguicei calmamente, passei a mão pelos meus cabelos e os prendi em um rabo de cavalo bagunçado. Voltei-me para o quarto e fui ate o banheiro, ele era lindo, havia uma enorme banheira, vaso sanitário, pia em cerâmica pintada à mão, era um lugar muito aconchegante, eu não precisava muito daquilo tudo, mas se nosso esforço no trabalho nos recompensa com aquilo era melhor aproveita.

Entrei na banheira que estava com uma água bem fresca, passei um tempo ali para os músculos relaxarem, depois sai para me enxugar.
Sai do banheiro deixando a toalha cair no chão, meu corpo nu sentindo a brisa quente do verão entrando pelo quarto me dando arrepios. Coloquei a toalha em volta do meu corpo e fui ate o meu closet.

Eu passava pelas roupas do armário até que algo despertou em mim um olhar apaixonante, era o meu vestido branco que usei quando completei 18 anos, aquilo me trazia uma nostalgia, passei alguns segundos olhando para ele, tudo começou a vir como um flashback, eu fui à primeira das minhas amigas a conseguir me formar numa faculdade e conseguir um emprego digno de se trabalhar, separei-me muito rápido de minhas amigas e minhas mordomias quando mais nova foi a primeira a tomar iniciativa na vida.

Peguei minha calça jeans favorita e uma blusa que eu havia comprado no Rio de Janeiro quando estudei no I. M. E, bons tempos foram aqueles, me vesti, coloquei minha bota preta, peguei minha bolsa em cima da cadeira e sai do quarto.
Fui para o carro para o meu primeiro dia de trabalho, eu iria apenas apresentar-me e conhecer as instalações, já que eu era engenheira da computação. O lugar onde eu iria trabalhar era um pouco longe do meu apartamento, como as ruas estavam quase sempre cheias mais tarde, resolvi levantar mais cedo para não pegar transito e chegar atrasada.

Liguei o rádio e procurei uma estação legal para ir tranqüila escutando minha musica, mas era tão cedo que só estava dando noticia era difícil encontrar uma estação que toca uma musica agradável. Foi então que o cara do radio falou ‘‘Essa semana esta fazendo três anos que a pequena cidade do Rio grande do sul esta sendo reconstruída por causa do incidente... ’’ Não estava a fim de querer escutar mais tragédias, quando saiu nos jornais o que ocorreu lá eu quase nem acreditei, pessoas atacando umas as outras sem razão, destruição, milhões de pessoas morrendo... Era difícil de acreditar.

Pouco tempo depois cheguei às instalações de pesquisas a qual fui designada para trabalhar. Eu estava muito preocupada com esse novo trabalho, eu havia pedido transferência, então não saberia se iria me adaptar a vida nessa ilha. Mas como meus pais sempre me disseram que a vida é uma caixinha de surpresas. Fui recebida por um homem alto, cabelos castanhos claro que estava conversando com alguns guardas quando cheguei. Quando ele me viu parada ali ele veio ao meu encontro e disse.

-Seja bem vinda senhorita Morgana – Disse ele educadamente.
-Obrigada – Respondi – Onde começo a trabalhar? – Perguntei louca para começar.
-Venha comigo, por favor – Disse ele agora indo na frente com os braços nas costas.

O homem guiou-me para dentro da instalação, havia varias pessoas fardadas ou de branco, o lugar parecia ser bem grande, e um lugar muito importante aqui. Essa oportunidade que eu tive é única, estudei e trabalhei toda minha adolescência para conseguir chegar onde eu estou e ainda quero subir mais.

-Aqui senhora, é só você ir ate o quarto andar – Ele ficou parado ao lado do elevador enorme prateado com os braços ainda nas costas, ele sorriu e se despediu.
-Tudo bem, muito obrigada – Agradeci entrando finalmente no elevador.
-Foi um prazer senhora – Vi as portas fechando-se e fazendo-o sumir.

Em pouco tempo cheguei ao quarto andar, a porta do elevador se abriu e me deparei com uma enorme sala, caminhei lentamente admirando cada detalhe que nela tinha quadros por todos os lados de pintores famosos, um enorme aquário havia no centro da sala com peixes coloridos, era muito lindo lá dentro. Uma mulher loura com o cabelo bem liso preso por um rabo de cavalo e de óculos estava ao que parecia me esperando, deveria ser a secretaria do presidente da empresa.

-Olá você poderia me ajudar? – Perguntei educadamente segurando pela alça minha bolsa de couro preto.
-Claro senhora.
-Meu nome é Morgana eu vim transferida do Rio de Janeiro para trabalhar com vocês...
-Morgana? – Me interrompe ela – Á sim claro, desculpe o senhor Carlos esta a sua espera naquela sala – Diz ela sorrindo e apontando com o dedo.
-Ta bom, muito obrigada, qual o seu nome desculpe – Já comecei a tentar fazer amizades lá dentro.
-Clara, meu nome é Clara – Diz ela estendendo a mão para mim.
-Muito prazer eu sou a Morgana – Sorri.
-O prazer é todo meu, pode entrar senhora – Não sei se é só por que sou nova aqui ou as pessoas são realmente simpáticas e educadas.
-Obrigada – Disse por fim me retirando.

Fui em direção a uma porta dupla de madeira com detalhes cromados nela, sem duvida era a porta mais linda de todas que eu vi aqui dentro, claro que era ali que meu novo chefe se encontrava. Arrumei meu cabelo refazendo meu rabo de cavalo, ajeitei minha blusa e minha bolsa e entrei, ele estava sentado em uma enorme mesa quadrada preta ilustrada com uma xícara de café quente que espalhava o cheirinho bom por toda sala. Havia um homem que estava apresentando algo para ele no computador que estava exibindo as imagens na parede, pude ver antes que ele desliga-se imagens de varias células e de uma pessoa velha, só o que pude ver. Mas logo que entrei o homem de terno e cabelo preto penteado para trás fechou os arquivos e me encarou colocando seu computador na maleta de couro.

-Desculpe não queria atrapalhar – Fico totalmente sem saber o que dizer.
-Ah que isso, pode entrar... Sente-se – Sua aparecia era de um homem de trinta e poucos anos, ele vestia um palito verde escuro, seu cabelo curto e grisalho deixava seu estilo mais bonito e charmoso. O outro homem já havia saído da sala.
-Bom dia senhor, com licença – Sentei em frente sua mesa deixando minha bolsa na cadeira ao lado.
-Você veio transferida do Rio certo? – Perguntou ele – Por que preferiu vir para cá?
-Á vida no Rio é muito perigosa senhor, desde pequena sempre quis sair de lá – Passei a mão no cabelo para disfarçar meu nervosismo, então continuei – Então quis tentar Florianópolis, sempre tive vontade de vir pra cá.
-Entendo... – Diz ele cruzando os braços – Realmente no Rio a vida é muito perigosa, mas espero que de tudo certo para você aqui Morgana, meu nome é Carlos, sou o presidente desta empresa como você já sabe – Disse ele sorrindo novamente para mim – Sua sala vai ser no terceiro andar, você já pode ir e boa sorte!
-Obrigada Senhor – Vou retirando-me, pego minha bolsa e saio pela porta dupla de madeira e elegante.

Saindo da sala passei por clara novamente e dei um tchau e continuei meu caminho até a porta do elevador. Quando cheguei ao terceiro andar não foi difícil encontrar a minha sala, pois nela estava com o nome bem em cima ‘‘Morgana Gumes’’. A minha sala era uma das primeiras do andar, só de ver aquela sala todinha minha, meus sofás, meus armários, meus quadros, meus olhos brilhavam, chegar onde eu estou era meu sonho desde menina. Sento atrás de minha mesa na minha poltrona preta de couro, o cheiro de couro novo ainda estava nela, concertesa era um lugar muito agradável de trabalhar. Havia um documento dentro da gaveta que estava escrito ‘‘Projeto Ômega, alta prioridade’’, nele dizia algo sobre o incidente ocorrido na cidade do RS á três anos atrás. A ultima pessoa que trabalhou aqui deveria ter o esquecido aqui dentro.

Com o passar das horas, já era hora do almoço, coloquei novamente os papeis dentro da gaveta e minha bolsa dentro do armário ao lado de minha mesa, então desci para o refeitório. O lugar estava em perfeita ordem, várias pessoas servindo-se em filas para almoçar, outras já sentadas em suas mesas devorando o que havia de almoço. Então fui para fila me servir, mas não estava com fome, apenas coloquei na bandeja uma coxa pequena de galinha, duas colheres de arroz e um pouco de feijão.

Avistei Clara a secretaria que conheci mais cedo, então fui sentar junto com ela e de outra mulher que estava ao seu lado. A outra mulher tinha cabelos castanhos ondulados, vestindo o mesmo uniforme que Clara, ela deveria ser outra secretaria. Fazer novos amigos era uma tarefa difícil para mim, já que sempre fui tímida desde pequena, mas não custava tentar.

-Ola de novo Clara – Digo sentando na frente delas.
-Oi, Senhora Morgana – Disse ela num tom mais educado e formal.
-Por favor, só Morgana está ótimo, me sinto tão velha quando me chamam assim – Digo sarcasticamente.
-Desculpe, Morgana essa é minha amiga Cristiane – Clara é interrompida.
-Mas pode me chamar de Cris, muito prazer Morgana – Cris e Clara, fazer amizade não é tão difícil assim, pensei comigo sarcasticamente.
-O prazer é meu Cris – Sento de frente para as duas secretarias da empresa, Cris era a recepcionista que ficava na entrada do prédio e Clara a secretaria particular do Chefe – Então faz muito tempo que trabalham aqui?
-Vai fazer três anos mês que vem – Diz Cris tomando um pouco do suco de morango.
-Eu sou mais velha – Brinca Clara – Vai fazer cinco anos daqui a três semanas.
-Espero poder ficar todo esse tempo também – Brinco.

Depois de alguns minutos conversando com minhas colegas de trabalho, parecia ter dado algum problema duas mesas na nossa frente. Alguns cientistas estavam discutindo, e outro parecia que estava mal e avisava para se afastarem dele. Ele estava com uma aparecia pálida e com os olhos com profundas olheiras, seus lábios estavam roxos e ressecados. Ele tentava afastar os outros colegas de perto com apenas uma mão, a outra ele estava na barriga como se estivesse com alguma dor. Foi então que ele vomitou um jato de sangue no chão branco e limpo, todos se afastaram e ele logo foi ao chão de joelhos.

Homens de branco com mascaras entraram no refeitório rapidamente fazendo uma confusão enorme. Eles levantaram o cientista que estava se esvaindo em sangue no chão eles falavam coisas uns para os outros, mas não dava para entender o que era só o que pude ouvir era.

-Afastem-se dele... Vamos pode ser tarde de mais, ele pode estar... – Logo todo mundo falava ao mesmo tempo querendo saber o que iria acontece com aquele homem que agora se encontrava inconsciente.